A Origem das Espécies: 164 anos de um livro revolucionário

*Ricardo Oliveira


No mês de novembro, mais precisamente no dia 24, completam-se 164 anos da publicação do livro A Origem das Espécies, uma obra revolucionária do inglês Charles Darwin.

A Europa do século XIX que viu a publicação da obra do naturalista Charles Darwin foi marcada pela consolidação do processo de especialização dos saberes humanos com o propósito de conhecer e de intervir no mundo da natureza. O novo perfil do conhecimento (científico) esteve em sintonia com as demandas de uma sociedade marcada pela economia industrial e ideias liberais. No domínio da história natural ganhou força a figura do “naturalista”, especialista em investigar e oferecer explicações sobre o mundo físico.

Nas ciências naturais (biologia), obtiveram destaque no século XIX as teorias evolutivas, no lugar das teorias do estado fixo, sobre a origem e dinâmica do mundo natural. As teorias do estado fixo tinham uma base religiosa: na Bíblia Deus criou todas as formas de vida de maneira única e imutável, o que é hoje chamado de criacionismo. As teorias do estado fixo também tinham um respaldo filosófico. Para Aristóteles, na Grécia Antiga, havia um equilíbrio estático na natureza e uma finalidade nas formas de vida.

A partir de meados do século XVIII surgiram as primeiras teorias evolutivas, as quais ressaltaram um potencial imanente das espécies em mudarem seus caracteres. O naturalista Jean Lamarck (1744-1829) deu novo fôlego ao evolucionismo ao afirmar que as espécies tendiam a mudança como uma resposta ao meio ambiente. A teoria evolucionista consagrou-se em definitivo em 1859 com a publicação do livro de Charles Darwin (1809-1882): A Origem das Espécies.

A teoria da seleção natural se fundamenta em duas teses principais: a primeira é a de uma origem comum para todas as formas de vida existentes no mundo; a segunda é que ocorrem modificações nas espécies ao longo do tempo em face da seleção natural determinada pela pressão da disputa por recursos naturais e pela capacidade de transmissão de características hereditárias que permitem certas espécies se adaptarem ao meio ambiente.

1ª conclusão da obra de Charles Darwin: a sobrevivência das espécies não é aleatória, mas depende em parte da constituição genética. 2ª conclusão da obra de Charles Darwin: as espécies sofrem mudanças graduais e contínuas, produzindo novas espécies pela seleção natural.

Nas palavras do naturalista inglês “Assim, resulta da guerra da Natureza, da fome e da morte, o objeto mais elevado que somos capazes de conceber, qual seja, a aparição de animais superiores. Há grandiosidade nessa forma de conceber a vida, com seus diversos atributos, como algo originalmente soprado em poucas formas ou em apenas uma: e é igualmente grandioso saber que, enquanto este planeta gira de acordo com a lei fixa da gravidade, infinitas formas, as mais belas e maravilhosas, tenham iniciado a partir de uma origem mais simples, e mantenham sempre em marcha sua evolução” (DARWIN, 2018, p. 479).

As teses apresentadas no livro A Origem das Espécies, provocaram grande polêmica e numerosas críticas por parte de religiosos e cientistas adeptos da teologia natural. Um dos pontos sensíveis para os críticos das teses de Charles Darwin era que sua obra retirava o status especial do ser humano como criação divina e o entendia como um ser natural. Mas, apesar dos críticos, A Origem das Espécies revolucionou o entendimento sobre a origem e dinâmica da vida.

*Docente do Curso de História da UFMS/CPNA

Este texto, não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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