Economia Guerra comercial com a China está suspensa, anunciam EUA

Trump aumentou as tarifas para produtos chineses e sofreu retaliação de Xi Jimping


Os Estados Unidos e a China suspenderam temporariamente as tarifas sobre importações entre os países, informou neste domingo (20) o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin. O anúncio ocorre após as duas potências anunciarem, na véspera, um acordo para reduzir o déficit comercial entre elas, por meio do qual a China se comprometeu a aumentar "consideralmente" a compra de produtos americanos.

"Estamos colocando a guerra comercial em modo de espera. Agora mesmo, concordamos em aguardar antes de impor tarifas enquanto tentamos produzir uma estrutura", disse Mnuchin em entrevista ao "Fox News Sunday".

O vice-presidente chinês, Liu He, havia dito anteriormente que "as duas partes chegaram a um consenso de não se envolver em uma guerra comercial e aumentar os respectivos direitos de alfândega", segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

Steven Mnuchin assinalou, no entanto, que se a China não cumprir os compromissos, o presidente dos Estados Unidos "sempre pode decidir voltar a impor" as tarifas.

Washington e Pequim anunciaram no sábado (19) que chegaram a um consenso para reduzir drasticamente o déficit comercial americano. Para conseguir isso, o gigante asiático se comprometeu a aumentar "consideravelmente" suas compras de produtos americanos, como commodities agrícolas e de energia.

O anúncio, feito após intensas negociações nesta semana, fecha um mês de tensões entre as duas potências. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a dizer que a relação comercial desequilibrada constitui um perigo para o seu país.

O acordo

O déficit comercial anual em bens e serviços dos EUA com a China soma US$ 335 bilhões, segundo a Reuters. Durante uma rodada inicial conversas no início deste mês em Pequim, Washington demandou que a China reduza seu superávit comercial em US$ 200 bilhões. O comunicado conjunto dos dois países no sábado não citou valores.

Mnuchin disse que os EUA esperam ver um aumento de 35% a 40% em exportações agrícolas para a China e a duplicação das compras de energia nos próximos três a cinco anos, mas não detalhou os objetivos nem o que será feito para alcançá-los.

"Temos objetivos específicos. Não vou divulgar publicamente quais eles são. Eles vão de indústria por indústria", disse Mnuchin. "Também discutimos questões estruturais muito importantes a serem levadas em consideração na sua economia para que nós possamos ter acesso a eles de forma equitativa", acrescentou.

O secretário do Comércio, Wilbur Ross, planeja ir à China, disseram Mnuchin e o principal conselheiro econômico do presidente Donald Trump, Larry Kudlow.

"Ele vai investigar um número de áreas onde teremos aumentos significativos", incluindo energia, gás natural liquefeito, agricultura e manufatura, disse Kudlow numa entrevista ao "This Week", da ABC.

Guerra de tarifas

As exportações chinesas de aço para os Estados Unidos eram taxadas em 25% e as de alumínio em 10% desde março. Essa taxação a princípio foi anunciada para todo o aço e alumínio que entrasse no país, mas alguns exportadores como Brasil, Austrália, Argentina, Coreia do Sul, União Europeia, México e Canadá conseguiram insenção temporária das taxas. No caso do Brasil, assim como da Argentina e da Austrária, um acordo inicial com o governo americano já foi firmado, mas os detalhes não foram divulgados. O prazo para finalização é 1º de junho.

Além disso, o governo americano ameaçou adotar impostos sobre US$ 50 bilhões em bens importados da China, que vão desde itens médicos a produtos de tecnologia industrial e transporte. Um período de consulta inicialmente expiraria na terça-feira (22) e a implementação da medida seria imediata, segundo a agência AFP. Tarifas sobre outros US$ 100 milhões em produtos também estavam sob análise.

A China devolveu as represálias tarifando produtos agrícolas americanos como a soja, extremamente dependente do mercado chinês e que é produzida em estados favoráveis ao presidente republicano. A carne de porco dos Estados Unidos e os automóveis fabricados no país também estavam na mira da tarifas chinesas, que anunciaram que reforçariam as inspeções desses produtos.

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