Chuva forte destrói barracos, mas famílias permanecem em área ocupada

Prefeitura protocolou pedido de liminar solicitando a reintegração de posse e aguarda decisão da Justiça

*Glaucia Piovesan, Da Redação


A chuva forte que caiu durante toda a noite desta terça-feira (24) e durante o final da tarde desta quarta-feira (25), destruiu os barracos montados em área do município de Batayporã, que está ocupada por cerca de 160 famílias há cinco dias.

De acordo com Mariluce Lima Palharin, a situação está complicada. Faltam lonas, água, alimentos, leite e fralda para as crianças. Barracos já cobertos não aguentaram o volume de água, as lonas rasgaram e todo o trabalho foi praticamente destruído. O barro e a lama deixaram a terra fofa e as estacas começam a ceder. Porém, sem ter para onde ir, a grande maioria vai permanecer no local.

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“Se sairmos daqui vamos ficar na rua. Muitos estão desempregados ou conseguem raramente uma diária, então vamos ficar porque é o único recurso que nós temos (sic). Todo mundo é pai de família, não estamos fazendo mal a ninguém. É uma ocupação pacífica e só queremos um lugar para morar”, insiste a mulher.  

Mariluce Lima Palharin - Foto: Luis Gustavo/Jornal da Nova

Sem ter como resolver a situação dos companheiros, Mariluce fez um apelo a pessoas e empresas dispostas a ajudar. “Toda doação é bem-vinda. Nós tá (sic) aqui com mulheres grávidas e crianças. Num barraco faz comida e no outro dorme. Nos barracos cobertos faz um mutirão e fica. Vamos seguir até quando conseguir um terreninho. Vamos se unir (sic) porque senão a gente não consegue nada”, acrescentou.

A integrante do grupo disse que pretende procurar o Ministério Público Estadual para verificar a situação desta área. “Dizem que está tudo embargado. Não pode construir nada aqui. Então, vamos nos reunir na Câmara Municipal com o MPE e tentar todos os meios, porque não temos onde morar”, frisou a desempregada, disposta a enfrentar todas as dificuldades.

Pedido de reintegração de posse

A Prefeitura de Batayporã, por meio da Procuradoria Geral do Município, protocolou pedido de liminar de reintegração de posse na manhã de ontem (24), após tentar uma solução amigável com o grupo de famílias que ocupa a área municipal, situada próxima ao Lixão.

Segundo informações da assessoria de imprensa do poder público, o vice-prefeito e o procurador do município conversaram com os ocupantes na segunda-feira (23), antes de tomar a iniciativa de protocolar o pedido de liminar. Como não houve entendimento entre as partes e as famílias se negaram a desocupar o terreno, a Prefeitura cumpriu a lei e entrou na Justiça para obter a reintegração de posse. A justiça deve se pronunciar dentro de 2 a 5 dias.

Ainda conforme apurou o Jornal da Nova junto a assessoria, o município não ajudará às famílias com alimentos ou qualquer outro donativo ou serviço porque não é conivente com atos ilegais.

Reunião entre município e ocupantes

Na manhã desta quarta-feira (25), a Procuradoria do Município se reuniu com representantes das famílias para informar sobre o pedido de liminar de reintegração de posse.

Conforme declarações de Mariluce, o representante do poder público disse que o pedido foi feito porque esta área é municipal e não pode ser ocupada. Sem poder esperar mais nada da administração, o grupo afirmou que fará um apelo a juíza que julgará a liminar. “Vamos fazer um apelo à juíza, para que não nos tire daqui. Ela tem o poder de nos deixar e de decidir isso. Assim, a Prefeitura não pode nos retirar. Nós fomos despejados das nossas casas, não temos como pagar aluguel e nem onde morar. Vamos ficar aqui nem que chova ou faça sol”, alega.

Chuva destruiu alguns barracos, mas os sem tetos continuarão na área - Foto: Luis Gustavo/Jornal da Nova

E novamente reitera a sua intenção: “Se tivermos que desocupar esta área, vamos para a Lagoa do Sapo. Se a chuva alagar lá, levantamos as coisas e depois colocamos no lugar. Vai ficar mais difícil, mas é a única coisa que poderemos fazer”, finaliza. *Jornal da Nova

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